Ensaio Sobre a Saudade

Morreu hoje, em sua casa, aos 87 anos, o escritor português José Saramago. De acordo com Zeferino Coelho, seu editor, Saramago vinha sofrendo de problemas respiratórios já há algum tempo.
Autodidata - numa comprovação de que alguém não precisa necessariamente de um diploma para ser genial - Jose Saramago foi serralheiro, mecânico, desenhista industrial e gerente de produção em uma editora, antes de se dedicar definitivamente ao mundo das letras.
Eu poderia continuar escrevendo aqui sobre a história deste homem brilhante, gênio da prosa em Língua Portuguesa e responsável por torná-la visível ao resto do mundo. Mas eu confesso que me faltam palavras porque, como escritora, estou me sentindo órfã. Com a partida de Saramago para o mesmo panteão de deuses onde moram Eça, Machado e Camões, fica uma lacuna gigantesca na literatura. Quem irá agora nos brindar com ensaios instigantes, textos que revolvem a alma e os sentimentos e que inspiram tantas vidas? Quem irá transmutar o Jesus-Deus em Jesus-Homem, quem poderá nos enlouquecer com longos períodos sem nenuma pontuação e, ao mesmo tempo, nos estimular a devorar com avidez cada uma daquelas linhas?
Saramago, o homem que aos 87 anos planejava mais um romance porque achava que "ainda tinha algo a dizer", vai deixar um legado de mais de 30 obras, entre romances, ensaios, poesia e teatro. Deixa também seus leitores, admiradores e fãs com olhar perdido no horizonte, ainda meio sem quererem acreditar, numa última obra, a da partida, talvez o rascunho de um "Ensaio sobre a Saudade".

BJS da Drica :-(

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