Correspondente de Istambul

Olá, pessoas!

Confesso a vocês que demorei propositalmente a vir aqui falar sobre o livro da Elif Shafak, "De Volta a Istambul". Eu havia prometido, nos posts anteriores, fazer uma resenha quando terminasse a leitura. Eu realmente acabei de ler, no final de semana passado, mas precisei de um tempo, e de mais dois livros-pós-livro, para me recuperar do peso das revelações e do desfecho da trama.

Acho que vocês viram, pelos posts que deixei aqui, com trechinhos do livro, que eu estava amando a história. Ela é densa, repleta de nuances, que só percebe quem realmente se dedica a leitura do texto de Elif. O problema é que o livro te envolve de uma tal forma que é difícil não mergulhar na angústia dos personagens, nem sofrer com as revelações que são feitas - principalmente no final.

Ah, então o final é triste? Sim. E não. Eu diria que ele é mais melancólico, como as duas etnias que foram tão magnificamente retratadas pela autora.

Elif Shafak fala com muita delicadeza - mas sem dourar a pílula - sobre a diáspora dos armênios no início do século XX, quando o Império Otomano, sob o governo dos então chamados "Jovens Turcos" promoveu uma limpeza étnica que é considerada, depois do Holocausto dos judeus, a maior da história. A autora mostra, ao longo do texto, como os dois lados enxergam o episódio. Isso tudo é contado indiretamente, através das vidas das famílias Kazancı - turca, habitante de Istambul - e Tchakhmakhchian - armênia, radicada nos EUA.

Pouco a pouco Elif vai tecendo um verdadeiro mosaico, entrelaçando as vidas dos personagens, até chegar ao clímax - totalmente ineperado - que, ironicamente, "une" as duas etnias.

Ao  fim do livro ainda é possível ler uma nota da autora, que conta que foi levada a julgamento pelo governo da Turquia, acusada de "denegrir os turcos", por conta das falas de alguns dos personagens armênios da história.

No fim das contas, leitura super recomendada, livro cinco estrelas!

BJS da Drca ;-)

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