Após homenagem a Guimarães Rosa, "Flip mineira" encerra e já pensa em 2011

A Literata, primeira festa literária de Sete Lagoas (MG), encerrou, no último final de semana, com um debate sobre a infância na obra de Guimarães Rosa, o homenageado do festival. Os organizadores avaliaram o evento como um sucesso e já fazem planos para uma segunda edição em 2011.
Durante quatro dias, foram promovidos debates sobre o autor de "Grande Sertão: Veredas" e sua influência na cultura. Também houve oficinas de incentivo à leitura, feiras do livro e artesanato, campanha de doação de livros. Cerca de 2.500 pessoas (principalmente estudantes) participaram da Literata, segundo estimativa da organização.
"O evento foi bem recebido pela cidade, teve uma repercussão positiva. Cerca de 1.000 crianças visitaram a feira", avalia o curador nacional da Literata, o jornalista e escritor Jorge Fernando dos Santos.
Para viabilizar o evento, a montadora Iveco, que tem fábrica de caminhões em Sete Lagoas há 10 anos, contou com o patrocínio de sua fornecedora de lubrificantes, a Petronas.
"Estamos satisfeitos com os resultados do evento, que alia cultura, educação e cidadania, e estamos dispostos a patrocinar uma segunda edição", afirmou Andréa Fonseca, gerente de marketing da Petronas.
As mesas-redondas reuniram nomes como o cantor e poeta Arnaldo Antunes, os escritores Moacy Scliar, João Paulo Cuenca, a poeta Alice Ruiz e a filósofa Marcia Tiburi, entre outros.
Foi também inaugurada uma placa alusiva ao centenário de Guimarães Rosa, seguida de uma cavalgada de tropeiros, revivendo a tradição dos cavaleiros sertanejos, presente na obra do autor de "Sagarana".

Infância
Entre os debates promovidos pela Literata, um dos mais interessantes foi sobre a infância na obra de Guimarães Rosa com a arte-educadora Selma Maria, idealizadora do projeto "Meninos Quietos", e os ilustradores Nelson Cruz e Roger Mello. Eles defenderam uma valorização dos brinquedos artesanais e uma infância menos consumista e menos aprisionada.
"Hoje a criança está podada, institucionalizada, presa ao computador. Ela não pode brincar de sentir medo, não pode se machucar. A infância foi terceirizada. O adulto não deixa mais a criança ficar quieta", disse Selma, que apresentou brinquedos feitos por crianças do interior, alvo de sua pesquisa.
São carrinhos feitos de restos de madeira, botões, tampinhas, latas, carretéis, entre outros materiais. O uso excessivo do computador pelas crianças foi criticado.
"Temos de voltar a construir nossos brinquedos, a sentar com as crianças e a esquecer o mouse", disse Nelson Cruz, cujos livros de ilustração passaram de mão em mão com a plateia.

Reportagem de Sérgio Ripardo
Fonte: (Livraria da Folha - 22/11/2010) http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/834301-apos-homenagem-a-guimaraes-rosa-flip-mineira-encerra-e-ja-pensa-em-2011.shtml

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